Muitos
colegas já se depararam com pacientes a se queixar de sensibilidade dentinária
após a realização de uma restauração com compósitos. Há dias, numa mesa de café,
participei de uma conversa com colegas de profissão sobre esse assunto. Depois
dessa discussão, decidi escrever esse artigo e refetir sobre esse problema tão
comum na vida profissional de qualquer dentista.
Quanto falamos de estética dentária, os
compósitos são eleitos materiais restauradores de excelência. Entretanto, como nem tudo
é só vantagens, um dos inconvenientes que a exigência estética trouxe para
nossos consultórios foi a sensibilidade pós-operatória. Quem nunca se deparou
com um paciente a se queixar de sensibilidade após uma restauração em
compósito? Só nunca passou por isso, quem pouco exerceu a profissão.
Os compósitos são materiais que exigem uma manipulação
cuidadosa, um armazenamento adequado e um protocolo clínico de utilização
bastante rígido, que não pode ser negligenciado, pois disso irá depender o
sucesso da restauração.
A primeira coisa que penso quando ouço
colegas a comentarem situações de sensibilidade pós-operatória após utilização
de compósitos é:
“A cavidade era profunda? Realizou uma
proteção adequada?”
Como todos sabemos, uma proteção adequada da
cavidade é essencial para sucesso da restauração, por isso nunca negligenciem
esse passo tão importante. Na dúvida entre proteger ou não, mais vale fazer a
proteção.
Se esse meu primeiro questionamento foi
respondido de forma positiva, ou seja, se era necessário fazer uma proteção e
foi realizada de forma adequada, começo a pensar no protocolo de utilização da
técnica adesiva:
“Algo não foi realizado nas condições ideais e acarretou
sensibilidade?”
Diante
dessa última pergunta, acho oportuno falar sobre algumas regras básicas que dizem respeito ao
protocolo a ser seguido na utilização da técnica adesiva:
O primeiro passo, a ser realizado após a remoção
do tecido cariado, é o condicionamento ácido da estrutura dentária. Esse
procedimento tem como função promover
uma desobstrução profunda dos canalículos dentinários para que o
dente possa receber o sistema adesivo. A ação do ácido cria espaços que são
preenchidos pelo adesivo e que se transformam em “vigas” de sustentação do
material restaurador. Se aumentarmos o tempo de condicionamento ácido exigido
pelo protocolo, o paciente irá sentir dor pós-operatória, pois o ácido
fosfórico irá causar desidratação da superfície dentária. O mesmo acontece se
usarmos concentrações inadequadas. O resultado para ambos os casos será desnaturação e enfraquecimento
do colágeno presente na dentina e consequente manifestação de dor. Além disso podemos citar a secagem exagerada da dentina como fator de sensibilidade dentinária. Para evitar esse fato devemos secar a dentina com um bola de algodão, ou papel absorvente evitando secagem excessiva.
O que devemos fazer
para garantirmos a execução do protocolo o mais impecável possível?
1. Certifique-se da
concentração do agente condicionante.
2. O Tempo de
condicionamento deve ser: 15 segundos.
3. Hidratar a superfície com água pelo dobro do
tempo do condicionamento, ou seja por 1 minuto.
4. A dentina deverá
permanecer húmida, nada de jato de ar diretamente até deixá-la seca. Dê
preferência pela utilização de bolinha de algodão ou papel absorvente.
5. O esmalte deverá
estar seco, com um aspecto esbranquiçado e sem brilho.
6.Já a dentina deve estar com um ligeiro aspecto úmido, refletindo a não excessiva secagem.
6.Já a dentina deve estar com um ligeiro aspecto úmido, refletindo a não excessiva secagem.
7. Dê preferência
pela utilização de adesivos que tenham água como solvente, em vez de acetona. (exemplos:
Single Bond , da 3M e Ambar, da FGM).
8. Qual a quantidade
de adesivo? Uma dica é: a quantidade de adesivo é aquela que nos permita
enxergar os pelinhos do aplicador, sem se formar uma gota na extremidade.
9. Aplique o adesivo,
aguarde que ele penetre nos túbulos, reaplique e fotopolimerize.
10. O aspecto final da
cavidade deverá ser caramelado, mas sem poças de adesivos.
Após a realização
desse protocolo devemos iniciar o preenchimento da cavidade com pequenas
quantidades de compósito. Lembre-se de não unir duas paredes opostas com o
mesmo incremento de material, pois a contração do compósito gera uma força
capaz de defletir cúspides e até causar fratura no elemento
dentário. Após conclusão da restauração, faça os ajustes oclusais e oriente seu
paciente a retornar no dia seguinte, pois a anestesia mascara a percepção do
ligamento periodontal e, muitas vezes, o paciente acha que está tudo
bem, quando na verdade, ainda há contato prematuro.
Avise seu paciente
que pode haver alguma sensibilidade passageira, mas que é reversível.
Afinal é melhor ser prevenido, uma vez que é nossa carreira que está em questão. Por fim, e não menos importante, esteja sempre disponível para atender o paciente, caso ele reclame de dor!
Afinal é melhor ser prevenido, uma vez que é nossa carreira que está em questão. Por fim, e não menos importante, esteja sempre disponível para atender o paciente, caso ele reclame de dor!