segunda-feira, 28 de maio de 2012

Reflexão: Sensibilidade dentinária em dentes restaurados com compósitos


Muitos colegas já se depararam com pacientes a se queixar de sensibilidade dentinária após a realização de uma restauração com compósitos. Há dias, numa mesa de café, participei de uma conversa com colegas de profissão sobre esse assunto. Depois dessa discussão, decidi escrever esse artigo e refetir sobre esse problema tão comum na vida profissional de qualquer dentista.




Quanto falamos de estética dentária, os compósitos são eleitos materiais restauradores de excelência. Entretanto, como nem tudo é só vantagens, um dos inconvenientes que a exigência estética trouxe para nossos consultórios foi a sensibilidade pós-operatória. Quem nunca se deparou com um paciente a se queixar de sensibilidade após uma restauração em compósito? Só nunca passou por isso, quem pouco exerceu a profissão.

Os compósitos são materiais que exigem uma manipulação cuidadosa, um armazenamento adequado e um protocolo clínico de utilização bastante rígido, que não pode ser negligenciado, pois disso irá depender o sucesso da restauração. 


A primeira coisa que penso quando ouço colegas a comentarem situações de sensibilidade pós-operatória após utilização de compósitos é:
“A cavidade era profunda? Realizou uma proteção adequada?”

Como todos sabemos, uma proteção adequada da cavidade é essencial para sucesso da restauração, por isso nunca negligenciem esse passo tão importante. Na dúvida entre proteger ou não, mais vale fazer a proteção.

Se esse meu primeiro questionamento foi respondido de forma positiva, ou seja, se era necessário fazer uma proteção e foi realizada de forma adequada, começo a pensar no protocolo de utilização da técnica adesiva:
“Algo não foi realizado nas condições ideais e acarretou sensibilidade?”

Diante dessa última pergunta, acho oportuno falar sobre algumas regras básicas que dizem respeito ao protocolo a ser seguido na utilização da técnica adesiva:

O primeiro passo, a ser realizado após a remoção do tecido cariado, é o condicionamento ácido da estrutura dentária. Esse procedimento tem como função promover uma desobstrução profunda dos canalículos dentinários para que o dente possa receber o sistema adesivo. A ação do ácido cria espaços que são preenchidos pelo adesivo e que se transformam em “vigas” de sustentação do material restaurador. Se aumentarmos o tempo de condicionamento ácido exigido pelo protocolo, o paciente irá sentir dor pós-operatória, pois o ácido fosfórico irá causar desidratação da superfície dentária. O mesmo acontece se usarmos concentrações inadequadas. O resultado para ambos os casos será desnaturação e enfraquecimento do colágeno presente na dentina e consequente manifestação de dor. Além disso podemos citar a secagem exagerada da dentina como fator de sensibilidade dentinária. Para evitar esse fato devemos secar a dentina com um bola de algodão,  ou papel absorvente evitando secagem excessiva.

O que devemos fazer para garantirmos a execução do protocolo o mais impecável possível?

1. Certifique-se da concentração do agente condicionante.
2. O Tempo de condicionamento deve ser: 15 segundos.
3. Hidratar a superfície com  água pelo dobro do tempo do condicionamento, ou seja por 1 minuto.
4. A dentina deverá permanecer húmida, nada de jato de ar diretamente até deixá-la seca. Dê preferência pela utilização de bolinha de algodão ou papel absorvente.
5. O esmalte deverá estar seco, com um aspecto esbranquiçado e sem brilho.
6.Já a dentina deve estar com um ligeiro aspecto úmido, refletindo a não excessiva secagem.
7. Dê preferência pela utilização de adesivos que tenham água como solvente, em vez de acetona. (exemplos: Single Bond , da 3M e Ambar, da FGM).
8. Qual a quantidade de adesivo? Uma dica é: a quantidade de adesivo é aquela que nos permita enxergar os pelinhos do aplicador, sem se formar uma gota na extremidade.
9. Aplique o adesivo, aguarde que ele penetre nos túbulos, reaplique e fotopolimerize.
10. O aspecto final da cavidade deverá ser caramelado, mas sem poças de adesivos.

Após a realização desse protocolo devemos iniciar o preenchimento da cavidade com pequenas quantidades de compósito. Lembre-se de não unir duas paredes opostas com o mesmo incremento de material, pois a contração do compósito gera uma força capaz de defletir cúspides e até causar fratura no elemento dentário. Após conclusão da restauração, faça os ajustes oclusais e oriente seu paciente a retornar no dia seguinte, pois a anestesia mascara a percepção do ligamento periodontal e, muitas vezes, o paciente acha que está tudo bem, quando na verdade, ainda há contato prematuro.

Avise seu paciente que pode haver alguma sensibilidade passageira, mas que é reversível. 

Afinal é melhor ser prevenido, uma vez que é nossa carreira que está em questão. Por fim, e não menos importante, esteja sempre disponível para atender o paciente, caso ele reclame de dor!

Sobre o Autor:
Renaldo Aragão O autor Renaldo Aragão é dentista e mestre em medicina dentária. Para saber mais sobre o autor, clique no topo da página no link “Sobre nós”. Aproveite para curtir nossa página no Facebook e receber nossas atualizações!

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